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sexta-feira, 7 de agosto de 2009

MARIA

Virgem e Mãe, duas poderosas e universais emoções

Por Giovanni Mieggea

Maria, mãe de Jesus, ocupa atualmente um lugar de suma importância no pensamento católico. São do conhecimento de todos as manifestações espetaculares da piedade mariana, as peregrinações e os congressos marianos, além da consagração de nações inteiras a Maria. Menos notado, mas igualmente importante, é a elaboração doutrinária (estudo histórico e teológico) que floresce em grande quantidade e qualidade e numa escala raramente atingida nos séculos precedentes. Obras a respeito da Virgem, destinadas a divulgar para os leigos a consciência e o amor de Maria, têm sido publicadas aos montes por editoras especializadas. E todas elas capacitadas pelos atuais recursos de publicidade moderna e por outros meios de divulgação, tais como: panfletos, adesivos, camisetas, livros, rádio e televisão. A consciência e a importância desse tremendo esforço são bem definidos por seus promotores. O catolicismo dos nossos dias parece que vive um momento de devoção à Virgem Maria, superando até mesmo a adoração católica de Maria dos séculos doze e treze1.

Depois de um século de trabalho, a teologia mariana atingiu um patamar de firmeza e conscientização que nem mesmo os grandes adoradores da Idade Média, como, por exemplo, Santo Anselmo, São Boaventura e São Bernardo, provavelmente tiveram a chance de alcançar. Isto porque o desejo de levar o leigo à conscientização de devoção a Maria nunca foi tão bem servido como hoje. Os meios de comunicação atuais são poderosos e a posição de seus divulgadores são firmes.

Qual é o significado desse importante florescer do marianismo? É evidente que ele se relaciona com o esforço que a Igreja Católica está fazendo em nossos dias para recuperar as massas. A pregação mariana presta-se particularmente a isso, e lança mão de apelos sentimentais e elementares. Maria, como virgem e mãe, acumula em si as mais poderosas e universais emoções: veneração submissa e nostálgica da criança sonolenta que há no homem, desejosa de carinho e proteção; e também a atração pela presença eterna do ser feminino que, quanto mais forte, mais sublimada e reprimida se apresenta.

Tais fascínios, portanto, reúnem os mais típicos valores cristãos: bondade, compaixão e misericórdia. A misericórdia, por sua vez, redime e perdoa. Na pregação mariana, esses valores são recomendados. E isso é feito por meio de apelo psicológico. Será que o culto à Virgem Maria é o meio (o canal da graça) pelo qual os eternos valores cristãos hão de voltar a ser acessíveis às massas barbarizadas e simples, incapazes de pensar mas com fortes tendências a sentimentos intensos? Será Maria verdadeiramente a “mediatrix”, num sentido psicológico e histórico, do cristianismo do século de grandes heresias?

Essa é a idéia conscientemente expressa pelos mais sérios pensadores católicos que promovem a piedade mariana. “A nova era será a era triunfal de Maria, e esse triunfo trará consigo o triunfo de Cristo e da Igreja”. Foi o que profetizou o padre francês Chaminade, em 1838, em uma carta a Gregório XVI. Em 1927, o padre Doncoeur fez eco a essa profecia: “A presente geração crescida e nutrida pelos dogmas e pela eucaristia realizará grandes feitos. Resta ainda a façanha da descoberta da Madona”2
Talvez, seria um erro nos limitarmos apenas a essa perspectiva de propaganda, ou, para sermos mais respeitosos, perspectiva missionária. O presente desenvolvimento da mariologia não deve ser interpretado somente como um recurso consciente e voluntário do mais poderoso instrumento de difusão doutrinal. Ele tem raízes mais profundas que não podem ser conhecidas sem uma noção mais sólida dos recessos da fé católica.

O catolicismo declara: “Por Maria se vai a Jesus; sim, mas só por Maria total se chega ao Jesus total, pessoalmente e na sociedade; por meio da Mãe se vai ao Filho, por meio da teologia de Maria a Deus, no pensamento e na vida”. Per Mariam ad Iesum et per Iesum ad Patrem! É esse o caminho que a piedade católica segue, e de forma sempre mais consciente e segura. A mediação de Maria não é uma proposição teológica abstrata. É uma experiência vivida, um método de educação, um caminho que tem sido experimentado e cujas incomparáveis belezas tem sido celebradas com entusiasmo ardoroso3 .

Ora, tudo isso não é de fato natural nem indiscutível. Ninguém que pensa sobre a extrema gravidade da hora presente e a eterna verdade do evangelho pode duvidar, por um momento sequer, que o renascimento da fé cristã não deve ser somente desejado, mas também ser a única esperança da nossa época, se não quisermos cair no caos. Mas que esse renascimento deva necessariamente vir de uma mediação mariana, psicológica e pietista, missionária e teológica, não é, de nenhum modo, evidente e bíblico. A insistência com que os promotores do culto mariano enfatizam essa tão necessária mediação é a mesma que mostra que tal idéia é reconhecida pelo próprio catolicismo como sendo uma novidade paradoxal, com pouca conformidade com as tradições constantes e estabelecidas do cristianismo.

Na verdade, não existe evidência intrínseca que apóie a idéia de que o evangelho - o evangelho eterno de Cristo Jesus, o Jesus de Nazaré, Mestre e Senhor incomparável, o Jesus da crucificação do Gólgota e da ressurreição - não deva ser dirigido diretamente a uma geração confusa, desorientada e ansiosa como a nossa sem a ajuda da mediação psicológica e teológica da piedade mariana. O fato de que tal mediação seja algo necessário, desejado, invocado e pregado com tamanha e inquestionável convicção, com um calor que traz em si os melhores sinais de sinceridade, constitui um problema para as mentes pensadoras de nosso tempo. De que modo a consciência católica chegou a esse extremo? Perdeu o evangelho a tal ponto sua evidência intrínseca; perdeu ele seu poder de renovação e convicção, de modo que deve ser recuperado e pregado de novo, por meio da piedade mariana e do pensamento que defende essa doutrina? Qual foi a fatalidade histórica e espiritual que fez que Maria se tornasse a medianeira indispensável de Jesus?
O problema que a pergunta supracitada levanta é de notável interesse. E não diz respeito apenas ao mais importante aspecto da piedade da Igreja Católica que, por suas organizações religiosas, culturais e políticas, aspira visivelmente o controle espiritual do mundo, ou pelo menos do cristianismo. Abrange, ainda, o desenvolvimento da piedade mariana, quer do ponto de vista da história das religiões e da psicologia religiosa, do desenvolvimento dogmático e litúrgico ou da ética católica. O assunto, de tão interessantes aspectos que possui, por si só constitui um campo atraente de investigações.

Na elaboração do culto à Virgem Maria ficou certo que ele, e isso é um fato óbvio, substituiu o das mães divinas (divindades femininas) do mundo Mediterrâneo. Mas o reconhecimento desse fato, tirando a referência genérica ao símbolo da divina maternidade, não nos é suficiente. O culto à Virgem é um fenômeno dotado com individualidade própria. O que ocorre no culto a Maria pode ser observado, de maneira igual, nas origens do ascetismo cristão, que é correlativo daquele culto e nele entrelaçado com profundas raízes psicológicas e morais. As procedências do ascetismo cristão também estão fora do cristianismo, contudo não podem ser entendidas a menos que sejam filiadas aos impulsos que o ascetismo recebeu na área da piedade cristã do quarto século, a qual fez dele um fenômeno original, ainda que muito afastado das idéias do cristianismo do Novo Testamento.

Nosso propósito, no entanto, não é mostrar, neste artigo, uma série de curiosidades e absurdos que envolvem a construção do culto a Maria, o qual, diga-se de passagem, está eivado de elementos não-cristãos. Ao contrário disso, iremos discutir sobre um problema que, embora gravíssimo, pode ser solucionado e, portanto, tratado com respeito.

A posição da igreja Católica é tentar justificar, por meio das Sagradas Escrituras, os aspectos que envolvem o dogma mariano. Em algumas obras católicas, alguns escritores procuram admitir que este ou aquele aspecto da doutrina mariana (tais como: sua imaculada conceição, assunção e participação na redenção do homem) não é explicitamente ensinado no Novo Testamento e muito menos nos escritos dos primeiros padres4. O mesmo ocorre com o culto dos santos e com a oração à Virgem Maria: “O culto aos Santos só começa a partir de cem anos aproximadamente, depois da morte de Jesus, com uma tímida veneração aos mártires. A primeira oração dirigida expressamente à Mãe de Deus é a invocação Sub tuum praesidium, formulada no fim do século III ou mais provavelmente no início do século IV. Não podemos dizer que a veneração dos santos – e muito menos a da Mãe de Cristo – faça parte do patrimônio original”5.
Em seu livro Papal Sin (Pecado papal), o historiador americano Garry Wills, católico praticante, declara: “O culto à Virgem Maria inexiste nas Escrituras e entre os católicos, durante quatro séculos é apenas um dos muitos abusos históricos que, a seu ver, a Igreja cometeu. Exorbitância cujo ápice teria sido a idolatria à Nossa Senhora de Fátima e aos mistérios a ela ligados, todos ‘manipulados pela Igreja’ para fins políticos – além de discutíveis, na medida em que dois deles referiam-se a previsões (supostamente feitas em 13 de julho de 1917) de fatos já ocorridos ou em andamento (uma nova guerra mundial, um novo papa) quando sua única testemunha viva, Lúcia, tornou-as públicas, em 1941”6.

Assim, na concepção do referido historiador, o dogma mariano nada mais é do que a construção da piedade e do pensamento teológico da Igreja, baseada em premissas supostamente contidas (explícita ou implicitamente) no Novo Testamento.

O padre Roschini, num breve catecismo popular, faz declarações daquilo que pode ser chamado de leis intrínsecas do desenvolvimento do sistema mariano. E divide essas declarações da seguinte maneira: um princípio primário e quatro secundários. O princípio primário é a divina maternidade: “A mui bendita Maria é Mãe de Deus, é a mediadora dos homens”. E não duvida de que desse princípio, decorrente dos princípios secundários, “são deduzidas todas as vastas conclusões da mariologia...”. Os princípios secundários são: singularidade, conveniência, eminência e analogia com Cristo. Em suas próprias palavras, Roschini enuncia os princípios secundários da seguinte forma:

1 “A bendita Virgem, sendo uma criatura inteiramente singular e constituindo uma ordem à parte, tem direitos a privilégios singulares, inacessíveis a qualquer outra criatura” (Princípio de singularidade).
2 “À bendita Virgem devem ser atribuídas todas as perfeições condizentes com a dignidade da Mãe de Deus e mediadora dos homens, desde que tenham alguma base na revelação e não sejam contrárias à fé e à razão” (Princípio de conveniência).
3 “Todos os privilégios de natureza, graça e glória concedidos por Deus a outros santos devem também ser concedidos de algum modo à Virgem Santíssima rainha dos santos” (Princípio de eminência).
4 “Privilégios análogos aos vários privilégios da humanidade de Cristo são possuídos correspondentemente pela bendita Virgem, conforme a condição de um e de outra” (Princípio de analogia ou semelhança com Cristo)7.
Por meio desses princípios, é possível justificar todos os desenvolvimentos históricos da piedade e do dogma de Maria. É ainda mais interessante notar que eles abrem caminho para qualquer possível desenvolvimento no futuro. O dogma mariano, delimitado por essas quatro categorias, não é uma teoria completa e fechada em si mesma. É uma doutrina em evolução, poder-se-ia dizer um dogma aberto. Segundo os quatro princípios acima expostos, tudo o que for possível afirmar como dogma mariano pode ser aceito como desenvolvimento da divina maternidade e mediação de Maria. De acordo com o princípio da singularidade, as celebrações a Maria jamais serão hiperbólicas ou excessivas. Segundo o princípio de eminência, não existe glorificação de santos ou mártires que não contribua para a glória de Maria. Já o princípio de conveniência declara que por sua grandeza, como mediadora, Maria tem perfeita semelhança com Cristo, o redentor, em divindade.

Indo mais longe, Roschini afirma: “A divina maternidade a eleva a uma altura vertiginosa e a coloca imediatamente depois de Deus na vasta escala dos seres, tornando-a membro da ordem hipostática (na medida em que por ela e nela o Verbo está unido hipostaticamente – isto é – pessoalmente – com a natureza humana), uma ordem superior à da natureza e graça e glória. Por isso os padres e as Escrituras têm quase esgotado seus recursos de linguagem em exaltá-la sem conseguir dar-lhe a glória que merece. Sua grandeza confina-se com o infinito”8.

A Igreja Católica pôs de lado o método de basear as doutrinas das Escrituras Sagradas com a Tradição, substituindo-o pela autoridade docente do Magistério vivo, centralizada no Papa que, segundo a Igreja, é infalível. É por esse motivo que ela (a Igreja Católica) tem facilidade de definir, a seu bel-prazer, os dogmas que prega como verdades reveladas, como, por exemplo, as doutrinas da Imaculada Conceição de Maria e sua assunção ao céu em corpo e alma. Mas esses ensinamentos não têm nenhum fundamento nas Escrituras, e muito menos na Tradição.

Como a Igreja Católica usa esse “novo” instrumento (a autoridade docente do Magistério vivo) ela está habilitada a dogmatizar sobre qualquer doutrina apoiada pelo consenso geral dos fiéis, ainda que tal ensino seja estranho às Sagradas Escrituras e à crença da igreja primitiva. Tanto é assim que já está em franca elaboração outro dogma sobre um assunto ainda mais grave: a doutrina de Maria co-redentora. O objetivo, com isso, é atribuir a Maria parte na obra expiatória de Cristo. As autoridade da Igreja Católica acreditam que os sofrimentos morais de Maria, ao contemplar a morte de seu Filho na cruz, fizeram parte da obra redentora ali realizada. A humanidade é constituída por homens e mulheres e, sem os sofrimentos vicários de uma mulher, junto com os do Homem Deus, a expiação dos pecados humanos ficaria incompleta. É o que afirmam as autoridades católicas. É uma heresia desse porte, baseada em argumentos tão fracos, que está prestes a ser definida como dogma. O ímpeto de glorificar Maria não tem limites pela Igreja Católica.
Não há nenhum vestígio de esperança de que a Igreja Católica, um dia, possa modificar seus ensinamentos dogmáticos sobre a Virgem Maria. Ainda que seus erros fossem reconhecidos por alguns de seus membros, eles teriam de enfrentar a oposição da maioria, que jamais concordaria com tal reconhecimento. Todavia, mesmo sem essa Capitis diminutio, a Igreja Católica poderia reduzir, pouco a pouco, seu culto excessivo e idolátrico às proporções naturais do justo respeito que a mãe de Jesus merece. Devido ao excessivo culto a Maria, a figura de Jesus Cristo, no catolicismo, deixou de ser central, restando-lhe apenas a posição de Senhor do além e Juiz do juízo final.

Para que Cristo seja novamente reconhecido pelos católicos por sua incomparável grandeza e senhorio, seria necessário uma revisão dogmática, litúrgica e ética por parte da Igreja Católica. Neste caso, o único caminho aberto para uma mudança é substituir os símbolos católicos já prestes a sofrer deterioração psicológica por outros mais novos e frescos. A fatalidade no catolicismo é que os cultos a Maria exigem sempre de seus adoradores os valores cristãos de humanidade, de compaixão e de ascese interior.

Não obstante a tudo isso, Cristo, naturalmente, não será esquecido. Permanecerá sendo o centro das honras oficiais. O lado feio dessa “moeda”, porém, é que Maria continuará sendo vista como a mediadora entre Cristo e os homens. Primeiro Maria, depois Jesus Cristo. O que isso significa? Significa que a verdadeira força difusiva e persuasiva e o verdadeiro fascínio religioso que atrai para si (a pessoa que está sendo adorada) a fé e a devoção de multidões são inteiramente exercidos pela Virgem Maria.

Com isso concluímos que, no catolicismo, o cristianismo cedeu espaço para uma religião diferente. Bem diferente!
Comparando as declarações sobre Maria com a Bíblia, chegamos à conclusão de que o culto a ela prestado é impróprio.

A) Nenhuma criatura deve ser adorada, a não ser Deus: Pai, Filho e Espírito Santo (Ap 5.11-13).
B) O culto à criatura foi rejeitado, e essa rejeição ainda permanece (At 10.25,26; Cl 2.18; Ap 19.10; 22.8-9).
C) Devemos orar diretamente ao Deus Pai, (Mt 6.6-13) em nome de Jesus (Jo 16.23-24). Ou, então, diretamente a Jesus (At 7.59-60; 1 Co 1.2; 2 Co 12.8; Ap 22.10).
D) A idolatria é fortemente condenada na Bíblia e acarreta perdição eterna (Is 45.20; Ap.21.8; 22.15).
E) Jesus é o Deus Criador, juntamente com o Pai e o Espírito Santo (Gn 1.26; 1.1-3; Jó 33.4; Cl 1.15-16). Assim, Ele é o Pai de Maria pela sua natureza divina e mais antigo que ela (Jo 17.5, 24; Hb 13.8); ao tomar a forma humana (Jo 1.14), era chamado de filho (Mt 1.25; 12.46-50).
F) Maria não era isenta de pecado (Rm 3.23) e ela mesma declarou que Deus era o seu Salvador (Lc 1.46-47).
G) Maria não foi assunta ao céu em corpo glorificado. Está no paraíso celestial consciente de sua felicidade pessoal (1 Co 5.6-8; Fp 1.21-23). Quando o Senhor Jesus voltar, ela fará parte da primeira ressurreição e subirá ao céu num corpo glorificado (1 Ts 4.13-17; 1 Co 15.51-54);
H) Maria não é cheia de graça, mas achou graça diante de Deus ao ser escolhida para ser a mãe do Salvador (Lc 1.30). Só Jesus é cheio de graça (Jo 1.14).

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Verdades Bíblicas sobre Adoração e Idolatria

Introdução:


O que entendemos como adoração e idolatria? Bom, o propósito desta resenha, é justamente chegarmos ao ponto de entender e conciliar em nossa mente o que poderia ser adoração, veneração, intercessão e idolatria. Através de comparações entre o universo de hoje e todo o período bíblico, vamos explanar, com cautela e coerência, e principalmente, mergulhando nas Escrituras, que sempre foram a nossa "regra de fé e prática", este assunto.

Retornando na História, após a formação da Igreja Católica (não a Igreja Católica Romana, mas uma igreja primitiva, dirigida por homens cheios do Espírito Santo), muitos conceitos ainda eram guardados e observados pelos primeiros cristãos, conceitos estes que foram esquecidos após a união do Estado e Igreja (século III d.C.), que transformou a humilde Igreja Católica, no poderoso Império Católico Romano. Este, ao admitir uma aliança forçada com os bárbaros, permitiu a inclusão de suas doutrinas politeístas em seu conjunto de dogmas religiosos. Como resultado de uma aliança politicamente poderosa, mas religiosamente fracassada, a Igreja se afastou da sua doutrina genuína ao incluir culto e quaisquer outras formas de veneração e adoração a tudo aquilo que não era Deus. Confeccionando imagens de homens e anjos, a Igreja passou a espalhar estas por todo o templo. Logo, o espaço que deveria ser somente dedicado a Deus, passou a ser divido com imagens de pessoas, pecadores como nós mesmos. Mais um erro, mais um degrau à baixo, mais um vão aberto entre Deus e a Igreja.

Nesta mesma época, havia grupos de cristãos que permaneciam fieis à doutrina de Jesus Cristo e dos Apóstolos, mas eram perseguidos e exterminados por serem considerados infiéis e hereges. Mas, através de homens inspirados e levantados por Deus, como Lutero, Calvino, Wycliffe, Huss e outros, aconteceu a grande Reforma Religiosa, que deu o passo principal para que os cristãos acordassem de um sono que os aprisionava. Uma das primeiras atitudes tomadas foi retirar as imagens (isso incluía anjos, santos, Maria e etc.) das igrejas "cristãs". A Igreja estava retornando às veredas da justiça, estava retornando a Deus. E embora alguns chamem os reformadores de revolucionários, não é bem assim. Eles perseveravam em corrigir um erro que a Igreja não admitia. Eles foram expulsos e muitos mortos na fogueira, como João Huss.

O que é idolatria?

"Os que fazem imagens não prestam, e os seus deuses, que eles tanto amam, não valem nada. Os que adoram imagens são tolos e cegos e por isso serão humilhados. É uma grande tolice fazer uma imagem para ser adorada como se fosse um deus. Todos os que a adoraram serão humilhados. Os que fazem ídolos são apenas seres humanos; nada mais. Que eles se reunam e se apresentem no tribunal! Ali ficarão apavorados e serão humilhados". Isaías 44.9-11 BLH

Agora que demos uma passada na história de como a Igreja se destruiu e como
Deus à levantou, devemos entender, exatamente, o que quer dizer o termo idolatria. Esta palavra vem do grego eidolon, que se traduz "ídolo", e latreuein, do grego "adorar". Por tanto, idolatria se refere, no seu sentido primário, adorar a um ídolo ou imagem. Em um sentido mais substancial, diríamos que idolatria é qualquer forma de culto, veneração ou servidão a um ídolo, imagem, pessoa, instituição, sentimento ou lugar. Isso não quer dizer, então, que idolatria se refira apenas a ídolos, mas a qualquer coisa que não seja Deus, sendo físico ou não, abstrato ou concreto.

Ao povo de Israel era estritamente proibido fabricar qualquer imagem esculpida ou fundida para adoração, nem de coisas da Terra, nem das do céu ("Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra." Êxodos 20.4; Deuteronômio 5.8). Isso não impedia que o povo exercitasse as artes plásticas, afinal, eles faziam seus ornamentos, mas se o objetivo fosse adoração, como ao bezerro de ouro (Ver Êxodos 32), o veredicto de Deus seria empregado, morrer ao fio da espada. Outro exemplo que podemos observar foi a chash nechosheth, no hebraico, Serpente de Bronze. Esta expressão pode ser encontrada em II Reis 18.4 ("Tirou os altos, quebrou as colunas, e deitou abaixo a Asera; e despedaçou a serpente de bronze que Moisés fizera (porquanto até aquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso), e chamou-lhe Neüstã."), mas a história pode ser vista em Números 21.4-9. O Povo de Israel queixava-se do tratamento imposto por Deus. Eles haviam se esquecido do seu próprio passado e do que essa queixa poderia lhes render. Deus então os castiga com serpentes venenosas que mataram vários israelitas. O povo então se arrepende e Deus manda que Moisés construa uma serpente de bronze. Ao contemplar a serpente, movidos pela fé, os israelitas seriam curados da morte. Isso não era adoração, mas sim, obediência a Deus e também um sinal para os israelitas lembrarem-se do seu próprio erro. Com o tempo, alguns supersticiosos entre o povo, começaram a adorar a serpente. Isso aconteceu no tempo do Rei Ezequias. Ele chamou-a de Neustã, que quer dizer pedaço de bronze, dando a entender que era apenas metal e nada mais. Por isso, a serpente foi destruída para sempre.

Há ainda exemplos da diferença entre ornamentação e adoração na construção do Templo por Salomão (I Rs. 6.17-36, II Cr. 3.5-17, 4.1-22) e na profecia de restauração do Templo (Ez. 41.17-26).
Falsos Profetas - Adoração a Ídolos, Santos...

Existem, hoje em dia, muitos conceitos sobre a forma como a Bíblia expõe a devoção e adoração a ídolos, imagens, "santos"... Algumas religiões e seitas, como a Igreja Católica, com o propósito de defender suas teses, de forma a confundir o povo de Deus, tentaram justificar biblicamente essas heresias, e difundiram essas heresias como doutrinas Espirituais, mas que não podemos considerar assim, pois é totalmente contrário aos dogmas bíblicos.

Um dos textos bíblicos que ressaltam essa veracidade se encontra no livro de Isaías 42.8,9: "Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura. Eis que as primeiras predições já se cumpriram, e novas coisas eu vos anuncio; e, antes que sucedam, eu vo-las farei ouvir"

Existem dois pontos muito fortes neste texto. Primeiramente, Deus (Javé, no texto original, quer dizer "Eterno" ou "O Deus Eterno") simplifica toda uma dúvida. Ele, e só Ele é digno de todo louvor e glória. Inacreditável como ainda em algumas preces de algumas religiões expõem-se claramente a glória a suas imagens e ídolos. Deus que não divide sua glória com ninguém. O outro ponto que deve ser respeitado é o
fato de Deus revelar que primeiro anunciaria o que vai acontecer, e, logo então, aconteceria. Muitos podem não atentar para a profundidade do texto, mas tem uma grande lição. Todas as coisas que acontecem hoje (falo das coisas espirituais), a menos que sejam biblicamente citadas, é profano aos olhos do Senhor, afinal, foi a sua própria pessoa que o disse! Por isso sempre usamos o termo: "Pois a Bíblia diz assim..." ou "A Palavra de Deus cita isso em...".

Não é de se espantar com tais fatos. A Bíblia, com toda autoridade que lhe é cabível admite que nos últimos dias tais coisas aconteceriam. Devemos pois estar preparados para não sermos consumidos por tal artimanha maquiavélica do Diabo. O texto abaixo é só mais um em dezenas deles. O Espírito de Deus diz claramente que, nos últimos tempos, alguns abandonarão a fé. Eles darão atenção a espíritos enganadores e a ensinamentos que vêm de demônios em I Timóteo 4.1 ("Mas o Espírito expressamente diz que em tempos posteriores alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios.").

Será que devemos dar tanta ênfase aos que vieram antes de nós, ou que fizeram algum bem para humanidade? Será que tais pessoas tem algum poder ou hierarquicamente tem diante de Deus alguma tarefa quanto a nós? O Salmista Davi, em Salmos 146.3,4, relata a revelação do Senhor Deus quanto a esta dúvida: "Não confieis em príncipes, nem no filho do homem (referindo-se a carne humana), em quem não há salvação. Sai-lhe o espírito, volta para a terra; naquele mesmo dia perecem os seus pensamentos".

É bem verdade que muitas destas pessoas que confiam em outros que não sejam o próprio Deus, acreditam que eles podem, de alguma forma, ajudá-los nas dificuldades aqui na Terra, mas, pelo menos 120 textos bíblicos pesquisados que se referiam aos termos "ajuda", "consolação" e "intercessão" nenhum se quer se referia a uma ajuda sobrenatural que não fosse o próprio Pai, o Filho, o Espírito Santo ou os anjos! Outros textos sobre o assunto estão abaixo: "Pois os vivos sabem que morrerão, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco têm eles daí em diante recompensa; porque a sua memória ficou entregue ao esquecimento. Tanto o seu amor como o seu ódio e a sua inveja já pereceram; nem têm eles daí em diante parte para sempre em coisa alguma do que se faz debaixo do sol". "Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças; porque o lugar para onde tu vais, não há obra, nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma". Eclesiastes 9.5,6,10

Existe ainda, uma corrente teológica que afirma que os judeus, no período do Velho Testamento, não tinha ainda uma concepção da possível vida pós-morte. Bem, mas se Jesus Cristo, o Filho de Deus, a segunda pessoa da Trindade disser algo sobre isso.

No Evangelho de Lucas 16, Jesus conta a história em que morreram o "Rico e o Lázaro". O Rico foi para o inferno (Hades) e o Lázaro foi para o céu (Seio de Abraão). O sofrimento do Rico era tanto que ele pediu a Abraão que deixasse que Lázaro molhasse a ponta de seu dedo na água, e então, deixasse que uma gota de água refrescasse a sua sede. Abraão então nega o pedido do Rico. Este então pede que Lázaro volte à Terra, ou seja, ao convívio dos homens, para que testificasse aos seus familiares o que havia acontecido. A resposta foi negada novamente. Abraão alegou que os vivos tinham Moisés e os Profetas e que eles já haviam alertado sobre isso. Abraão ainda diz que existe uma barreira entre nós e eles, que não poderia ser traspassada. Moisés representa a Lei Mosaica, ou seja temos o necessário aqui, e que não é preciso e nem permitido que Lázaro ou qualquer outra
temos o necessário aqui, e que não é preciso e nem permitido que Lázaro ou qualquer outra pessoa se retirar do céu ou do Hades para tal absurdo. Não existe vontade permissiva de Deus para isso. Essas foram palavras de Jesus Cristo, Onisciente, Onipresente e Onipotente.

Os "SANTOS" podem nos ajudar?

Seria possível alguém que já morreu, por melhor pessoa que tenha sido, estar nos vigiando ou atento as nossas necessidades aqui na Terra? Onde estariam eles? Existe comunicação entre eles e nós? Se há, disso Deus se agrada? Bem, temos sérias razões para acreditar que não. Vamos partir do princípio que o nome "santo" não é bem o que todos imaginam. O Apóstolo Paulo nos chama de santos, nos ensina a orar por todos os santos, na ideologia em que todos os cristãos são santos porque buscam a santificação em um processo diário e contínuo, renegando-se ao pecado, assim como as coisas supérfluas, descontroladas e desordenadas. Mas, vamos então tratar este nome, santo, dentro do nosso contexto, isto é, "as pessoas que foram muito boas aqui na Terra, e por isso Deus os colocou em um posto mais elevado e que possuem uma tarefa quanto a nós, a de interceder por nós diante de Deus".

Bom, já que tocamos no assunto, a Bíblia diz que "existe um só Senhor e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem", I Tm. 2.5. Embora muito imaginem que Deus só nos ouve se citarmos o nome "Jesus Cristo", não é bem assim. A verdade é que, no mar de religiões em navegamos encontramos milhares delas, cada uma com seu "deus". Algumas insistem em acreditar que trata-se do mesmo Deus que nós servimos. Claro que não é bem assim. Um dos propósitos de Deus ter mandado Jesus à Terra, seria o de separar pessoas de pessoas, judeus de judeus, isso quer dizer que através de Jesus Cristo e seu sacrifício, podemos nos chegamos a Deus de uma forma íntima, amigável e familiar. Pelo fato de acreditarmos, confiarmos e depositarmos toda nossa fé em Jesus, temos livre acesso ao Pai. São muitos os que ainda imaginam que nós pedimos a Jesus e Ele vai levar nosso pedido para Deus. Que ingenuidade! Que falta de discernimento bíblico! Por causa disso, difundiram uma doutrina em que, se pedirmos aos "santos", eles vão até Jesus e Jesus vai até Deus. Nós encontramos isso na reza, ou oração, à Maria: "Santa Maria Mãe de Deus, rogai por nós; agora como na hora de nossa morte". Supostamente seria assim: "Eu peço ajuda à Maria, então, na hora de minha morte ela iria até Jesus Cristo, contaria para ele todas as minhas dificuldades em vida, tudo que sofri, mesmo esquecendo do que fiz de errado. Jesus então, como meu advogado que não sabe nada sobre minha vida iria até Deus e tentaria suavizar a minha pena. Deus, então, daria o veredicto". Misericórdia! De onde tiraram isso? Com certeza não foi da Bíblia.

A Igreja Católica, por vários séculos, tem se beneficiado da falta de sabedoria e discernimento de seus fieis para espalhar a doutrina dos santos e das imagens. Eles alegam que não existe adoração ou veneração a estes, mas não é o que se vê por ai. Expressões como: "Servos da Rainha", "Procissão de São Sebastião", "São ... rogai por nós", são vistas e ouvidas em todos os lugares. Mesmo que não seja o princípio desta Igreja, seus fiéis são incapazes de distinguir veneração, adoração e culto de respeito e exemplo. Os fieis correm, se batem e se abatem na tentativa de tocar em uma imagem, e dela receber uma virtude irreal, vã e vazia. Perdem-se, e aos poucos se afundam em mar de doutrinas furadas, pura apostasia. Um charco de mentiras que mais parece misticismo do que cristianismo.

Mesmo assim, com o passar dos anos, esses desobedientes aos preceitos bíblicos, devido a um excesso de confiança em si mesmo, acabaram por humanizar Deus. Este passou a não ser mais o onisciente, onipresente e onipotente. Ele agora,
segundo muitos hereges, precisa de uma certa ajuda daqueles que não passam de seres humanos, pecadores (como todos nós). Criaram uma hierarquia celestial, onde Deus, agora mais do que nunca distante de seu povo, comanda vários homens e mulheres a ajudarem aos que estão na Terra. Onde se encontra Jesus Cristo nessa empresa chamada céu? E os anjos que desde os primórdios têm atuado como serviçais de Deus? E o Espírito Santo que foi mandado como consolador e ajudador? Onde Deus descreveu tais coisas? Onde estão as profecias indagando que essas coisas iriam acontecer e seriam benditas?

Em que Deus você acredita? Um Deus Soberano, que tudo vê? Que está atento para te ouvir a todo momento? O Deus que criou tudo e todos? Ou apenas um deus imperfeito, que não pode tomar conta de sua própria criação?

Conclusão

Durante estes 2000 anos, a Igreja se desviou dos seus verdadeiros princípios, isso acarretou problemas de gravidade incrível e devastadora. Muitos se desviaram da sua verdadeira fé, dando ouvidos a espíritos enganadores. A doutrina dos santos e ídolos é apenas mais uma neste universo dispendioso e avassalador. Esta não foi a missão de Jesus e dos apóstolos. Estes (Jesus e os apóstolos) foram aqueles que tiraram a venda dos olhos de um povo humilde e ignorante. A Igreja Católica Romana, assim como outras seitas, colocaram-na de volta. Mas a Bíblia adverte aqueles que fizerem os cristãos tropeçarem!

"Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar". (Mateus 18:6)

Cabe a cada um meditar e repensar no que tem feito e acreditado. Nós não precisamos de uma fé palpável, nem das chamadas "catapultas celestiais" para nos aproximarem de Deus. Devemos fixar em nosso coração o que é a verdadeira fé em Hebreus 11.1: "É aprova das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se vêem".

Nesta odisséia, vamos retornar ao início de tudo, vamos encontrar com Jesus novamente, assim como, com seus ensinamentos, onde existe um só alvo de adoração, onde Deus é o centro de tudo, onde ao fechar os olhos, não existirá mais escuridão, mas somente a luz de Cristo brilhará.

Está na hora de tirarmos as vendas dos olhos. É hora de ser cristão.